Veredas: Oásis do Cerrado


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O que são Veredas

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O buriti ou miriti (nome cientifico: Mauritia flexuosa). Pode alcançar até 30 metros de altura e ter um caule com espessura de até 50 cm de diâmetro. A espécie habita terrenos alagáveis e brejos de várias formações, sendo encontrada com muita frequência nas veredas, importante fitofisionomia do Cerrado.
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Garça-grande-branca na folha do buriti - foto Elma Carneiro
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Belíssimas flores do buriti - clique para redimensionar

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As Veredas são subsistemas do bioma Cerrado, que podem ser entendidos como áreas pantanosas, formado geralmente por caminhos mal delimitados de água em solos hidromórficos, com presença da palmeira buriti (Mauritia vinifera e/ou M. flexuosa)

Uma das primeiras descrições das Veredas foi feita por von Martiusum alemão médico, botânico, antropólogo, cientista (formado em 1817) e um dos mais importantes pesquisadores alemães que estudaram o Brasil. Em suas viagens pelo Brasil (1817-1820), retratada em Viagem pelo Brasil, demonstrando um conhecimento das características físicas do ambiente do Cerrado e seus subsistemas: varredas a esses campos cobertos."Encontramos aqui uma palmeira flabeliforme, espinhosa, a carimá, (Mauritia armata, M.), o maior encanto do solo; e, além daquela aqui mais rara, o nobre buriti (Mauritia vinifera, M.).
O buriti bravo não oferece, como aquela outra, frutas comestíveis de polpa doce, cujo suco fermenta como vinho, mas é muito apropriado para construção do vigamento do telhado, nas cabanas dos habitantes. Além dessas,veem-se, aqui e acolá, grupos de palmeiras indaia (Attalea compta). Elas formam as primeiras matas de palmeiras, a cuja sombra nos atrevíamos a passar a pé, em seco, e seguros de não toparmos com jiboias, nem jacarés".

Clique nas imagens para ver detalhes do fruto (coco) do buriti

Um dos principais usos do Buriti é na culinária. A polpa é comestível e pode ser utilizada na fabricação de doces, sorvetes, sucos e geleias. As folhas servem como cobertura para telhados e as fibras (seda do buriti), usadas para a confecção de artesanatos.
Imagem colhida do site FMC Agrícola o qual sugiro que conheça as maravilhas do Cerrado.
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Guimarães Rosa, em sua obra Grande Sertão: Veredas, faz uma das melhores descrições perceptiva do ambiente de Veredas:

  [...] Saem dos mesmos brejos – buritizais enormes. Por lá, sucuri geme. Cada sucuriú do grosso: voa corpo no veado e se enrosca nele, abofa – trinta palmos! Tudo em volta, é um barro colador, que segura até casco de mula, arranca ferradura por ferradura. Com medo de mãe-cobra, se vê muito bicho retardar ponderado, paz de hora de poder água beber, esses escondidos atrás de touceiras de buritirama. Mas o sassafrás dá mato, guardando o poço; o que cheira um bom perfume. Jacaré grita, uma, duas, três vezes, rouco roncado. Jacaré choca – olhalhão, crespido do lamal, feio mirado na gente. Eh, ele sabe se engordar. Nas lagoas aonde nem um de asas não pousa, por causa de fome de jacaré e de piranha serrafina. Ou outra – lagoa que nem abre o olho, de tanto junco. Daí longe em longe, os brejos vão virando rios.
Buritizal vem com eles, buriti se segue, segue. Para trocar de bacia o senhor sobe por ladeiras de beira-de-mesa, entra de bruto na chapada, chapadão que não se desenvolve mais. [...].

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As Veredas estão secando no sertão de Minas Gerais, você já viu uma Vereda morta? 

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A presença da palmeira indica a existência de água, formando um oásis no meio do sertão. Veja mais sobre a extinção das Veredas na matéria Natureza da Globo em 19-10-2014 AQUI
Veredas ▬ áreas alagadas no Cerrado, cercadas de vegetação nativa, principalmente o buriti. Na imagem uma vereda com troncos dos buritis mortos e sem a folhagem. Veja mais sobre a extinção das Veredas na matéria Natureza da Globo em 19-10-2014 AQUI

Boaventura (1978, p. 111-112), ao caracterizar Vereda, chama a atenção para a necessidade de sua proteção em função de sua fragilidade, como descreve: Genericamente as veredas se configuram como vales rasos, com vertentes côncavas suaves cobertas por solos arenosos e fundo planos preenchidos por solos argilosos, frequentemente turfosos, ou seja, com elevada concentração de restos vegetais em decomposição. Em toda a extensão das veredas o lençol freático aflora ou está muito próximo da superfície. As veredas são, portanto, áreas de exudação do lençol freático e, por isto mesmo, em todas as suas variações tipológicas, são nascentes muito suscetíveis de se degradarem rapidamente sob intervenção humana predatória. Fonte: Observatório Geográfico de Goiás - UFG
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Importância das Veredas


  1. 1 - A importância primordial das veredas como recurso ambiental é o fato de serem áreas produtoras de água – nascentes que deveriam permanecer intocadas, em benefício dos rios a que dão origem e das comunidades bióticas que delas dependem.
  2. 2 - As veredas são subsistemas úmidos que participam do controle do fluxo do lençol freático.
  3. 3 - Sistema represador da água armazenada na chapada.
  4. 4 - Responsáveis pela manutenção e multiplicação da fauna terrestre e aquática.
Além disso...
  1. 1 - As veredas também possuem uma importância econômica e histórica.
  2. 2 -Importantes por serem determinantes para a fixação do homem no campo e desenvolvimento da região Cerrado.

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Córrego dentro da Vereda, foto de Evandro F. Lopes - As Veredas se constituem em importante subsistema do Cerrado, possuindo, além do significado ecológico, um papel sócio-econômico e estético-paisagístico que lhe confere importância regional.

Na natureza nada é em vão


As Veredas se constituem em importante Subsistema do Cerrado, possuindo, além do significado ecológico, um papel sócio-econômico e estético-paisagístico que lhe confere importância regional, principalmente quanto ao aspecto de constituírem refúgios fauno-florísticos e por ser ambientes de nascedouros das fontes hídricas do Planalto Central Brasileiro, abastecendo as três principais bacias hidrográficas do Brasil.

Vereda em Cavalcante de Goiás fotografada por Humberto Russo
Imagem de Humberto Russo
Foto do agente ambiental Humberto Russo em Cavalcante, um município brasileiro do estado de Goiás, localizado ao norte da Chapada dos Veadeiros, que abriga uma parte da comunidade Kalunga, dentro do Sítio Histórico e Patrimônio Cultural Kalunga.

A Vereda funciona como um filtro, regulando o fluxo de água, sedimentos e nutrientes, entre outros terrenos mais altos da bacia hidrológica e o ecossistema aquático. Pode ainda servir de refúgio para a fauna, numa área de ocupação agrícola e pecuária muito intensa, porém, a preservação das Veredas se impõe, sobretudo, pelo fato de que o equilíbrio dos mananciais d’água depende diretamente disto. Essa regulagem determina sua contribuição para o curso d’água, cuja área saturada se expande ou contrai, dependendo das condições da umidade depositada, ou seja, das precipitações e da capacidade de retenção e escoamento do solo.
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Foto - Bruno Rocha
No processo de ocupação do Cerrado, as Veredas eram vistas como áreas “perdidas” em função de seu aspecto brejoso. Diante disso, foram e continuam sendo constantemente queimadas para limpeza, plantações de culturas para subsistência e formação de pastagens a serem usadas no período da seca. Outros proprietários usam as Veredas como áreas para entulho de restos de desmatamentos. Mais recentemente, com o desenvolvimento de técnicas de irrigação, as Veredas têm sido utilizadas para construção de barragens com a finalidade de acúmulo de água a ser usada nos pivot e sistemas de irrigação.
Assim, vemos que não se cumpre o determinado na Legislação Brasileira, emitidas pelos órgãos “competentes”. Os órgãos institucionais auferidos da competência de gerir e fiscalizar o cumprimento da legislação ambiental tem feito “vistas grossa” no que se refere à preservação das Veredas.

Mágico por do sol dentro de uma Vereda registrado pelo fotógrafo Evandro F. Lopes
As veredas constituem ecossistemas bem definidos que ocorrem no bioma do Cerrado brasileiro, e são caracterizadas pela presença do buriti em condições de drenagem pobre. As Veredas também podem ser consideradas feições geomorfológicas, porque elas somente ocorrem ao longo de vales pouco profundos, com baixa energia hidráulica e que alcançam dezenas de quilômetros, interligados aos sistemas de drenagem regionais do centro e de parte do sudeste brasileiros.

Parte de trechos extraídos do:  Observatório Geográfico de Goiás

Idelvone Mendes Ferreira –
Prof. Dr. do Curso de Geografia UFG/Campus de Catalão

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