Nossos irmãos índios




A necessidade do homem de explicar os mistérios da vida e da natureza que o cerca, gera, através de séculos, as mais belas lendas. Quanto mais rica a cultura de um povo, maior o número de lendas inspiradoras que justificam os seus costumes e tradições milenares.
 
O folclore dos índios brasileiros perdeu, com a civilização cristã imposta a eles, muitos dos seus rituais e muitas de suas crenças, por isso, as suas lendas estão cada vez mais mescladas com as lendas catequizadoras trazidas pelos homens brancos. Através de pesquisas do órgão oficial do governo, o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), foram registrados aproximadamente 734.131 mil pessoas que se consideravam índios, embora o censo realizado pela Funai estima que esse número seja bem inferior, por considerar como índio apenas aqueles que vivem em reservas, com isso, a quantidade cai para aproximadamente 358 mil dos cinco milhões de índios da época do descobrimento, .
Hoje, os principais centros de concentração de índios se localizam nas regiões do Amazonas, Nordeste, Centro-sul e no estado do Mato Grosso do Sul.

"A primeira Missa no Brasil" obra de Victor Meireles - 1860 - Museu Nacional de Belas Artes

“Para a realização dessa cerimônia dois carpinteiros trouxeram da mata um enorme tronco de madeira, destinado a feitura da cruz, enquanto os demais tripulantes abasteciam os barcos com água, frutas e lenha. Os índios, uns oitenta ou mais, se amontoavam ao redor dos portugueses, e apreciavam pasmos, o que o fio das ferramentas de ferro provocava na árvore. Os nativos, dóceis, se portaram de tal modo que o escrivão Pero Vaz de Caminha convenceu-se de que no futuro a conversão deles seria mais fácil, e por isso escreveu ao rei prevendo que "dois bons padres, apenas, seriam suficientes para o cumprimento dessa missão.
Fernando Kitznger Dannemann .

Os Portuguese rezavam a missa em latim para os índios


Durante muitos anos, a igreja fazia a missa em latim. Os índios não falavam português, e nem latim.


A presença dos índios no território brasileiro é muito anterior ao processo de ocupação estabelecido pelos exploradores europeus que aportaram em nossas terras. Segundo os dados presentes em algumas estimativas, a população indígena brasileira variava entre três e cinco milhões de habitantes. Entre essa vasta população, observamos o desenvolvimento de civilizações heterogêneas entre as quais podemos citar os xavantes, caraíbas, tupis, jês, e guaranis.

A imposição da Igreja Católica à cultura indígena 
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Ação dos Jesuítas: Catequese


Os jesuítas foram fundados no seguimento da reforma Católica (também chamada Contra-Reforma), um movimento reacionário à Reforma Protestante cujas doutrinas se tornavam cada vez mais conhecidas através da Europa, em parte graças à recente invenção da imprensa. Os Jesuítas pregaram a obediência total à doutrina da igreja católica, tendo Inácio de Loyola declarado:
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"Acredito que o branco que eu vejo é negro, se a hierarquia da igreja assim o tiver determinado".
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Inácio de Loyola (que virou santo) e Padre Anchieta que tornou-se o principal catequizador dos índios brasileiros
Nos aldeamentos jesuíticos os índios eram educados para viver como cristãos. Essa educação significava uma imposição forçada de outra cultura, a cristã. Os jesuítas valiam-se de aspectos da cultura nativa, especialmente a língua, para se fazerem compreender e se aproximarem mais dos indígenas. Esta ação incrementava a destribalização e violentava aspectos fundamentais da vida e da mentalidade dos nativos, como o trabalho na lavoura, atividade que consideravam exclusivamente feminina.
O tupi era a língua indígena mais falada no tempo do descobrimento do Brasil, em 1500. Teve sua gramática estudada pelos padres jesuítas, que a registraram. Era também chamada de língua Brasílica. Os europeus acreditavam que o trabalho braçal denegria o caráter e a importância da pessoa. Por isso, recusavam-se a trabalhar na terra e no artesanato. No Brasil, não foi diferente. Os colonizadores associaram imediatamente o trabalho à ausência de liberdade, ou seja, à escravidão.
Índios: recusa a escravidão .

Os indígenas foram os primeiros escravos do Brasil. A partir de 1570, a Coroa começou a tomar medidas para impedir essa escravização, ao mesmo tempo que incentivava a importação de africanos. Em 1758, Portugal determinou a libertação definitiva dos índios. Vários motivos influenciaram essa decisão:

  • Os índios resistiam à escravização, guerreando, fugindo ou negando-se a trabalhar.
  • Os indígenas não resistiam às doenças dos brancos, como sarampo, varíola e gripe. Morriam aos milhares.
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Índios dizimados: Entre 1562 e 1563, por exemplo, mais de 60 mil índios foram dizimados por duas epidemias de varíola, conhecidas como a ‘peste de bexigas’.

A extinção de suas línguas é um dos exemplos mais claros de ameaça à sobrevivência dos povos indígenas.

Quando uma língua falada desaparece, morre um povo, uma cultura, uma sabedoria


O folclore dos índios brasileiros perdeu, com a civilização cristã imposta a eles, muitos dos seus rituais e muitas de suas crenças, por isso, as suas lendas estão cada vez mais mescladas com as lendas catequizadoras trazidas pelos homens brancos.

 
“Nenhum elemento externo jamais deve ser imposto a uma cultura. Toda imposição pressupõe carência de respeito humano e cultural, além de grave erro na construção do diálogo. Assim, a catequese histórica e impositiva bem como qualquer outro elemento que force a mudanças não desejadas, mesmo em áreas como educação, saúde e subsistência, devem ser duramente criticadas. Por outro lado é respeito cultural conceber ao indígena, o direito de realizar escolhas, voluntárias e desejadas, dentro de seu próprio bojo cultural” Roberto Cardoso de Oliveira .


Leia mais no: Manifesto da AMTB - Associação de Missões Transculturais Brasileiras.

"Em vez de querer ensinar aos índios, o homem branco deveria ter a humildade para aprender com eles que o velho é o dono da história, o homem é o dono da aldeia e a criança é a dona do mundo". Orlando Vilas boas
Criança - em idioma indígena "Curumim"




Fotos: Giselle Vargas - Carlos Levistrauss - José L. L. Borges
Outras:Web

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