A ameaça dos mortos no meio ambiente

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Foi a partir de 1930, que, o estudo da Ecologia ganhou um espaço independente dentro da Biologia. Hoje os danos ambientais causados pelo aumento da população humana, pela escassez de recursos naturais e pela poluição ambiental fazem com que a Ecologia seja um dos mais importantes ramos da ciência atual.

Vez por outra temos que falar de assuntos que para muitos não é nada simpático. Mas como hoje é oportuno falar sobre o meio ambiente vou ressaltar a questão dos cemitérios e as causas ambientais que eles podem trazer principalmente aqueles mais humildes e por sinal os mais numerosos. Vale lembrar que cada continente tem seus hábitos milenares de enterramento dos seus mortos. No Egito Antigo com a preparação das múmias, e construção das pirâmides ou sepulcros abertos nas rochas, lembrando que na Índia é comum os mortos serem jogados no rio Ganges que apesar de sagrado para os hindus, mais parece um esgotão. Os cadáveres de pessoas consideradas impuras são cremados num ritual de purificação e as cinzas são também lançadas ao rio onde o mal causado tem efeito imediato.Na América, os índios maias, incas e astecas enterravam os mortos em ataúdes de cerâmica trabalhados. No Brasil eram acomodados de cócoras dentro de grandes vasos, com as mãos segurando os joelhos.
Mas as formas mais comuns de "disposição" dos cadáveres variam mesmo de acordo com as disponibilidades, credos etc. São elas o enterramento no solo ou em gavetas e a incineração.

Cemitérios em áreas urbanas e os impactos ambientais provocados

Poucos imaginam, mas os mortos são capazes de se tornar perigosos poluentes. É que o processo de decomposição de um corpo, que ao todo leva em média dois anos e meio, dá origem a um líquido chamado necrochorume. Este composto é eliminado durante o primeiro ano após o sepultamento. Trata-se de um escoamento viscoso, com a coloração acinzentada que com a chuva pode atingir o aquífero freático, ou seja, a água subterrânea de pequena profundidade. O geólogo e professor da Universidade São Judas Tadeu, de São Paulo, Lezíro Marques Silva , que há quase 30 anos dedica-se a pesquisas sobre o tema, verificou a situação em 600 cemitérios do País e constatou que cerca de 75% deles poluem o meio ambiente".

Cada vez mais se reconhece a importância do meio ambiente, a necessidade de não se desperdiçar água, não poluir, enfim, de preservar a natureza. No entanto, poucos estudos existem com relação aos impactos que os cemitérios podem causar ao meio ambiente.
Esse é um assunto que sempre gera controvérsias porque há uma peculiaridade dos cemitérios em relação a outras atividades urbanas potencialmente impactantes; é que o sepultamento tem conotações culturais e religiosas diversas e devem ser respeitadas. A presença de cemitérios nas imediações ou interior das cidades podem também gerar impactos psicológicos e físicos.
Os impactos psicológicos podem ser o medo da morte e outras superstições que afastam as pessoas de residirem em locais próximos aos cemitérios.
Mas, são os impactos físicos o qual considera como o mais significativo, o risco de contaminação das águas superficiais e subterrâneas. Os cemitérios podem ser fonte geradora de impactos ambientais. A localização e operação inadequadas de necrópoles em meios urbanos podem provocar a contaminação de mananciais hídricos por microrganismos que proliferam no processo de decomposição dos corpos. Se o aquífero freático for contaminado na área interna do cemitério, esta contaminação poderá fluir para regiões próximas, aumentando o risco de saúde nas pessoas que venham a utilizar desta água captada através de poços rasos. A rigor, um cemitério, no que se refere ao enterramento no solo, muito se compara a um aterro sanitário para lixos domésticos, visto que as matérias enterradas são orgânicas, em essência, mas com um agravante, é um aterro sanitário com muito "lixo hospitalar" misturado, visto que, a maioria das matérias orgânicas enterradas carregam consigo bactérias e vírus de todas as espécies e que foram, provavelmente, a causa da morte.
Além disso, é importante considerar que metais pesados, advindo de próteses, materiais das urnas etc. vão dar, também, sua contribuição poluidora, vistos os ácidos orgânicos gerados na decomposição cadavérica e que irão reagir com esses metais, isso tudo sem levar em conta, ainda, os resíduos nucleares advindos das aplicações recebidas pelo ser em vida. Com tudo isso, o solo, que recebe esses ingredientes, de uma forma ou de outra, irá se saturar com eles e apesar de sua capacidade de autodepuração, propiciará que nele se infiltrem tais ingredientes. "Em São Paulo há vetores transmissores da poliomielite e da hepatite e as pessoas que não têm acesso à rede pública de abastecimento e utilizam poços é que são afetadas. Se em São Paulo a situação já é grave, imagine nos cantões do País?" questiona o professor Lezíro Marques Silva.


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4 comentários:

  1. Elma, muito oportuna este tua postagem, já que os dois temas estão em destaque hoje, a ecologia e os mortos. Nunca havia imaginado que os cemitérios fossem fontes de poluição, sempre imaginei que o resíduo fosse simplesmente orgânico, muito interessante este estudo. Só não concordo quando diz que quem recebeu radioterapia incorporou substâncias radioativas, pois são os raios X ou gama que atuam sobre o organismo, não há transferência de matéria.
    Parabéns pelo post e benvinda de volta ao Ecological Day.
    Um grande beijo.

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  2. Oi Elma,
    Bem vinda ao Ecological Day!

    Nossa! Não sabia que os cemitérios fossem fonte de poluição! Mto interessante este estudo!
    E isso ainda requer estudos pq esbarra em tradições, lendas e costumes que estão arraigados em mtos povos. Esse assunto: morte é um tabu para certos povos!
    Mas obrigado pela participação!
    bjs

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  3. Oi Elma, tudo bem?

    Achei incrível essa informação, já havia pensado sobre isso mas nunca achei que fosse algo tão grave, não imaginava o grau dos males que podem provocar ou melhor provocam. Vou ler a reportagem do Prof. Lezíro Marques.

    Beijos
    Paulo Ka

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  4. Olá Elma,
    De fato, pouca gente pára pra pensar no problema ambiental que é um cemitério. Moro na frente de um, e vou te dizer, além da poluição que com certeza deve causar (é super antigo, e além disso, fica próximo a pontos de recarga do Aquífero Guarani), atrái escorpiões para as casa próximas, devido à massiva presença de baratas, que obviamente, não são controladas.
    Enfim, temos que começar a fazer muito barulho para que nossos governantes nos ajudem a pensar em soluções mais limpas para sepultar os cadáveres. Os livros mais modernos de ecologia consideram que a incineração seria a melhor maneira de proteger o lençol freático, embora tenha o problema da liberação de CO2, e principalmente, de vapores de mercúrio (das nossas obturações de antigamente).
    Abraços e parabéns pelo seu blog!

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Obrigada por sua presença no Caliandra do Cerrado.
Espero que esse espaço tenha sido útil para você. Os artigos apresentados são frutos de pesquisas e informações colhidas na web, artigos acadêmicos, livros que após um estudo coerente entre as informações que mais se igualam sobre os temas, são selecionados para as postagens.
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Fique a vontade e se puder deixe seu comentário. Um abraço

Elma