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Estudos revelam que o fogo pode contribuir e gerar benefícios ao Cerrado
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Muitas pesquisas acadêmicas indicam que o fogo, durante o processo de formação do Cerrado brasileiro, teve papel imprescindível para tal. Essa conclusão se deu a partir da constatação de que a origem deste bioma coincidiu com a maior vulnerabilidade da região a incêndios naturais, fato este comprovado pelo predomínio de gramíneas, há aproximadamente dez milhões de anos. Como estes vegetais são bastante inflamáveis, permitiram com que determinadas regiões se tornassem suscetíveis a incêndios naturais. Assim, as plantas mais adaptadas a estas condições tiveram sucesso, e muitas delas são encontradas até hoje nestas formações vegetais.
Casca espessa, troncos tortuosos, raízes profundas e folhas também espessas são algumas características visíveis nestes exemplares.
Casca espessa, troncos tortuosos, raízes profundas e folhas também espessas são algumas características visíveis nestes exemplares.
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As formas retorcidas das árvores, fazendo com que suas gemas de rebrota ocorram lateralmente. As cascas espessas dos troncos funcionam como um mecanismo de defesa às queimadas. |
Na natureza nada é em vão
Na região de Cerrado do Brasil Central, cerca de 90% das chuvas caem entre os meses de outubro e abril, ou seja, nós que moramos por aqui convivemos com a sazonalidade hídrica.
O clima seco e a presença de ventos fortes são fatores que propiciam a ocorrência de queimadas no Cerrado. As queimadas ocorrem ao longo do período de seca, que
pode ter uma duração de até 6 meses e em tais eventos, a temperatura do ar se eleva em torno de 750°C, e pode propiciar o rebrotamento de várias espécies vegetais e a germinação de sementes.
Agora, olhando para baixo, as raízes das plantas desempenham um papel importante e muitas vezes negligenciado, simplesmente por não poderem ser vistas. As camadas de solo superficiais podem secar pela falta de chuvas, mas algumas árvores têm acesso à água mesmo no auge da estação seca, pois suas raízes alcançam grandes profundidades.
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O choque térmico provocado pelo fogo quebra a dormência vegetativa das sementes, causando fissuras que favorecem a penetração da água e estimulam a germinação. Queimada em Samambaia - DF - |
Este processo é importante para que os indivíduos possam desbravar novos ambientes, aumentando a abrangência de suas populações. Ou seja, para estas espécies, que são conhecidas com anemocóricas, a ausência de chuvas é condição necessária para a manutenção de suas populações. Até o formato das sementes, ou dos frutos, são especiais para se favorecerem do vento e da seca. Se chover enquanto estas espécies estão em fase de reprodução, os frutos podem nem abrir, pois o ambiente seco é condição para a desidratação das paredes do fruto e sua abertura.
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Pouco tempo após a passagem do fogo, o Cerrado transforma-se num verdadeiro jardim. Em muitos casos é a eliminação total das partes aéreas das plantas que as faz florescerem. |
Uma preocupação no período seco é o fogo. Porém, as espécies vegetais do Cerrado apresentam várias adaptações que as permitem contornar este problema, por exemplo, a presença de casca grossa e cortiçosa. O próprio fogo pode trabalhar a favor do Cerrado, quando ele auxilia no processo de abertura dos frutos, facilitando a reprodução das plantas.
Portanto, seja pela sua importância no funcionamento do Cerrado, ou pela beleza proporcionada pelos seus componentes durante a estação seca, só podemos chegar a uma conclusão: deixa secar.
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Como a natureza sabe, sem diversidade não existe evolução. ( Isaias Raw )
O fogo, desde que bem manejado, pode ser benéfico ao Cerrado
Especialista defende manejo de fogo no Cerrado
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“Pode parecer contraditório, mas muitos especialistas defendem que a melhor forma de prevenir o problema e proteger a biodiversidade desse bioma tão ameaçado é, justamente, o uso controlado do fogo.
Queimadas controladas não só diminuem o risco de incêndios acidentais como trazem benefícios para a vegetação.
O manejo de fogo, no entanto, foi durante muito tempo proibido no Brasil. Uma lei de 1989 autorizou a prática, mas, ainda hoje é difícil obter licença dos órgãos ambientais. Além da falta de conhecimento sobre a importância do fogo para o Cerrado, a falta de estrutura para fazer o manejo de forma adequada."
Professora Vânia Regina Pivello, do Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo (IB-USP)
Professora Vânia Regina Pivello, do Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo (IB-USP)
A principal causa do fogo, em regiões de Cerrado, está relacionada às atividades agropecuárias, uma vez que tais sistemas utilizam o fogo como recurso para “limpar o pasto”, ou determinadas áreas antes do plantio, em períodos que antecedem a época das chuvas. Assim, capacitar as pessoas envolvidas nessas atividades, e pensar em alternativas, como a realização de queimadas programadas, em áreas limitadas e sucessivas, por pessoal qualificado; pode ser um grande passo para a proteção do Cerrado.
Fotografias de Humberto Russo agente operacional da Companhia de Saneamento Ambiental
do Distrito Federal CAESB.
Demais fotos: Elma Carneiro
Demais fotos: Elma Carneiro
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Obrigada por sua presença no Caliandra do Cerrado.
Espero que esse espaço tenha sido útil para você. Os artigos apresentados são frutos de pesquisas e informações colhidas na web, artigos acadêmicos, livros que após um estudo coerente entre as informações que mais se igualam sobre os temas, são selecionados para as postagens.
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Elma